sexta-feira, 23 de abril de 2010

Noite no jardim

Um frio varreu a noite,

Apertou-me o coração.

Fui tomada pela emoção.

Foi o frio? As sementes?

A terra? As flores?

Lembranças? Em todas as cores!


Uma lágrima circulava no meu olho.

Por quem? Eu sabia.

Por quê? Não entendia.

Mas a lágrima não caiu.


Entretanto, a emoção não parava.

Fazia-me lembrar...

Como humana, não sei o que senti.

Como poetisa, tudo compreendi.

Aquela emoção chamava-se saudade.


Não sei se pelo frio que rasgava a noite,

Pelas flores que não estavam sendo apreciadas,

Ou por aquelas que ainda nem eram crescidas

Mas que outrora foram, com carinho, plantadas.


As lembranças que tive:

Dos amigos que o tempo distanciou,

E dos que as circunstancias aproximaram.

Dos amores que eu não aproveitei,

E dos que permanecem por dádiva.

De uma semente replantada,

De um amor sendo reinventado.


E a lágrima.. Por que ela não caiu?

Pela minha falta de coragem!

Porque naquela lágrima residiam verdades!

Verdades que eu não aceitaria,

Verdades que não queria.

E assim ficava..

As verdades? Eu só pensava, eu só sentia.


(30.03.09)

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